Seven Sins: Inveja

domingo, 13 de dezembro de 2009
Ela sozinha num quarto escuro. Ela esta só... Os cabelos mortos no chão. A face marcada por garras, lágrimas e sangue perdidos em seus lábios. Esta nua, banhada com o líquido verde de seus pulsos. Sangue podre de quem vendeu sua alma. Já chorou, gritou e destruiu seu mundo. Ninguém escutou. Ela esta só...
A outra, uma pobre qualquer com peito e sal. Bela, gentil, esperta e amada. Nada demais, uma mortal que ousou ser melhor. Para a inveja cada ato é uma provocação. Os suspiros, desafios e o sorriso, Arsênico. (Por que ela nasceu tão superior, por que eu não fui ela, por que ele não pode me amar...). Ela ria debilmente no escuro. (tirou de mim o respeito, o carinho de todos. Só fui sua sombra, seu capacho). As ilusões somem quando a Senhora de Capa toca nossos lábios. É tarde. Tenta voltar o seu delírio, fazer novamente os motivos serem justos, puros... Nunca foram. Só mesmo num ser doente a inveja brotaria tão forte. Ela esta só...
( A culpa foi dela, tomou tudo de mim, suportei calada sendo sugada) A divina tragédia na noite reinou. A tesoura fatal na noite vagou. A invejosa podre na noite matou. ( Só queira ele e você me roubou) Amarrada num canto a outra ainda sangra, o peito já não bate. Os vermelhos cachos não mais a coroam. A bela face marcada para sempre. Tudo por causa de um tolo. A lâmina fria em seu peito quente. ( No fim você ganhou, será santa e eu monstro). Seu cabelo foi ao chão, as faces marcadas pelas próprias mãos, os pulsos aberto por inveja. As duas iguais assim. A inveja é o fim...

Contos para lhe Esquecer- Como Uma Pedra a Rolar

domingo, 6 de dezembro de 2009
Houve um tempo em que você se vestia bem
Jogava moedas para os vagabundos
Não era assim?
As pessoas lhe diziam para se cuidar
Porque estava caindo e ia se queimar

Você só sorria, para ironizar
Até dos que não tinham onde se deitar
Agora não tem mais a empáfia
Agora a sua voz já não diz tanta lábia
Você está sozinha agora
Sem saber onde vai comer...

Deve ser ruim, deve ser ruim
Não ter onde ficar
Completamente sozinha
Como uma pedra a rolar

Nem a sociedade
Nem a escola lhe ensinavam nada
Pois apenas... te mimavam
Ninguém falou como é viver na rua
E é ali onde você vai se virar

Nunca achou que isso fosse lhe acontecer
Pois sua posição política iria lhe comprometer
E agora não tem mais onde ir
E o seu orgulho nada vale aqui
Pois não há mais nenhum álibi
Nem o que barganhar

Deve ser ruim, deve ser ruim
Não ter aonde ficar
Completamente sozinha
Como uma pedra a rolar

Nunca encarou os palhaços e mágicos
Fazendo truques, rindo pra você
Nunca entendeu, que não se pode
Usar os outros pra se ter
O que se quer

Você, que desfilava com seu diplomata
Que num cavalo reluzente tudo lhe tomava
Agora é tarde para voltar
Sei que é duro, mas vai aceitar
Você não tem mais nenhum segredo
Nem mais charme pra jogar

Deve ser ruim, deve ser ruim
Não ter aonde ficar
Completamente sozinha
Como uma pedra a rolar

Princesa, com seu séquito brilhante
Cheia de presentes, pra esnobar
Agora não tá fácil
Teve que tirar o seu anel de diamantes
E penhorar

Você só queria ir se divertir
Tal qual Napoleão, quando foi mentir
E agora não tem nada a fazer
Quando não se tem nada
Nada se tem a perder
Você está invisível agora
A ilusão acabou
Deve ser ruim, deve ser ruim
Não ter onde ficar
Completamente sozinha
Como uma pedra a rolar...

(autoria de Bob Dylan, versão de Zé Ramalho)