Um Primeiro Encontro

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sua língua percorre lentamente o brilho suculento de seus lábios. O álcool percorre veloz meu sangue. Uma beldade, pele claríssima, corpo mignon mais suculento que todas as carnes desse churrasco. Seus olhos verdes me devoram sem nem me encarrar.


Preciso me alimentar, o dia sob esse maldito Sol me fez muito mal. Mesmo com todos os cremes esse farolete estúpido me consome. Não faz mal, agora a noite reina e eu ataco. Não e nada fácil escolher uma presa nesse mar de bêbados e tarados, mas sempre vale a pena. Ninguém se lembra de nada...


Ela ainda conversa com dois quaisquer, nada feito. Não volto atrás depois de uma decisão. É ela... O cheiro no ar muda, ela esta exalando algo posso sentir. Os cabelos sendo soltos, o riso aberto é hora dos comprimentos habituais. Nome, cidade,curso, período... duas danças e pronto.


Mudo o alvo, dois idiotas depois de um inocente cordeirinho se oferecer para ser imolado. Nada mal, é alto, bom porte e não tem cara de ser mal dotado. Um pavão como todos os homens são depois de algumas dozes. Mas tem um charme especial, algo entre o inocente e o safado. Um presentinho que dá vontade de morder.


Sigo aos trancos na dança, a mão sobe, a cabeça desce e os beijos começam. Primeiro uns selinhos rápidos e tímidos, depois sinto garras me apertanto e trazendo cada vez mais pra perto. Já que ela quer assim, facilita muito a coisa. A mão desce, macia, e as bocas se prendem.


Escolhi bem, o gosto é ótimo, na certa foi criado com leite e pêra. No aroma, tons amadeirados de perfume. Beija bem o safado e aperta com vontade. Sinto o gosto de sangue na boca, fui mordida no lábio. Na certa meus caninos, adoro o gosto do meu sangue. Mas fica ainda melhor com o sangue dele.


Ela deve estar na seca a um bom tempo. Largo sua boca e percorro todo seu pescoço branco. Precisamos ir para algum canto, preciso devora-la inteira. Meio cambaleando chegamos em algumas arvores longe da vista de todos. Nossa nunca foi tão fácil, nem tão prazeroso. Olho em seus olhos, sinto o corpo todo arrepiar. Muito perfeita, devoro seu pescoço com varias mordidas. Um filete de sangue escorre de seus lábios.


Finalmente sinto seu gosto, delicioso. Sorvo cada vez mais desse doce veneno, ele agradece mordendo minha nuca com desejo. Depois de olhar nos meus olhos se perdeu agora e apenas um objeto, só se dará conta quando for tarde demais. Menino delicioso, fazia um 30 anos que não me alimentava tão bem. Mordo mais fundo ele geme de prazer. Volto para sua boca seu sangue em meus lábios se mistura com sua saliva.


Sinto um gosto metálico em seus beijos, delicioso. Preciso de mais bebo seus lábios imaginado beber seus lábios. Não devemos parar, sua pele branca brilha rubra e eu a desejo cada vez mais. Minha mão percorre veloz todo seu corpo, ela volta para minha nuca. Vejo sua jugular pulsando e sinto um desejo imenso de perfurá-la, entrar nela com meus caninos. Mordo e sou mordido.


Um anjo vindo de presente. Seria um bom escravo, pena que tempos são outros e isso esta fora de moda. Seus lábios não pararam até seu coração parar. Foi muito bom, quase orgasmático. Pena que acabou, limpo minha boca em sua manga e percorro com a língua sua orelha. Delicinha... Até parecia que ele queria me morder. Um último beijo em seus lábios e sigo pela noite afora. Quero mais...


Devaneios de uma Garrafa de Rum (quatro copos)

Meus passos seguem vacilantes pelas prateleiras, como podem demorar ainda mais, passos tolos. Pego pelo gargalo uma empoeirada garrafa de Montila. Com a coca e o limão no carrinho pago a conta e sigo por essa cidade de interior. Minas e suas igrejas em praças...


Um brinde, o primeiro é seco, puro. Viro o primeiro copo para me lembrar da complexa equação da cuba. Mais rum, coca, rum, cabo de garfo para misturar os líquidos de diferentes densidades e efeitos. Limão, já superei o trauma... gelo.


A mente se acelera, esta assim a um bom tempo. Agora só a estou deixando livre. Provas, derivadas e relatórios somem frente o que vem dos confins. Uma palavrinha, duas sílabas e uma puta dor de cabeça. É preciso, segunda cuba no copo, andar. Fazer o que tem de ser feito, mas da uma preguiça... dá um medo...

Bem, foda-se... precisa de mais gelo.


Podia ser tudo mais fácil, bastava um monossílabo ao invés do discurso tão pronto, decorado e repetido. Deviam poupar meu tempo e usar siglas pelo menos. ÑQEA...OA... bola pra frente. Cansei de coca, isso faz mal causa erosão ácida.


Um brinde ao nada, ao tudo, a mim, ao destino de todos os homens.


Um brinde a roda da fortuna e as escolhas tolas.


Melhor ir dormir...

Niet [5]

Cena 5


( Entro com um imenso sobretudo, retiro de vários bolsos algumas cartas de baralho)

Me perguntava o porque de tantos naipes, agora pouco importa...

Dizem por aí, nos cantos escuros, que a vida de um homem pode ser lida em 52 cartas...

Nada, isso é pura besteira. Cada um só precisa de uma carta.

É nela que o destino repousa.

As outras são cartas... bem... serão apenas uma companhia para um canto escuro.

Uma única noite, um único e prazeroso movimento, uma única taça de vinho...

É nelas que esta a diversão dessa vida, os prazeres do blefe e da aposta.

A derrota e a vitória... o que todos precisam, o que todos viverão.

Aquela carta solitária... ficará no fundo do baralho junto com o destino.

Quem precisa dela quando se tem o que todos tem...

( Jogo a dama de copas no chão e guardo as demais nos bolsos)


Cai a luz

Niet [4]

Cena 4


( Uma mesa de cigana no centro, no seu topo um imenso quartzo rosa)

Existe alguma resposta, minha cara? Algo único... inimaginável... simplesmente simples para mim?

( Voz em off )

Todos! Todos!

E os mares e flores? As dores e amores?

Todos! Todos!

E as dores de amores? Os mares de flores?

Todos! Todos!

Loucos, belos, porcos, sábios, vermes e reis...

Todos! Todos!

São todos tolos... mas são todos... todos... todos!todos!


Cai a luz