Que Lua linda, pena a noite ser tão suja. Tanto mal espalhado nos becos escuros, tantos humanos se matando. Malditos cães infernais, estão cada vez mais fortes. Alimentados com medo e dor. As trevas estão ganhando essa guerra antiga. Humanos tolos...
O vento é refrescante sob minhas asas. Lá em baixo mais um bêbado é morto. Elas têm tido bastante trabalho... Não cabia a eu interferir, isso é para anjos da guarda. Minha missão é enfrentar o mal, não salvar vidas egoístas e mesquinhas. Só interfiro se eles estiverem no meio...
Sento no topo de um prédio, fecho minhas lindas asas. Observo os poucos humanos andando nas calçadas, tudo normal em seu mundo sem sentido. Fico um bom tempo assim. Minha intuição não falha, estão aqui. As sombras começam a se mover, sobem o prédio, já perceberam minha presença. Enxofre... Dois imensos cães saem do telhado. Seus corpos deformados e os chifres curtos indicam seu posto baixo. Não estão sozinhos, não seriam tão burros.
Uma figura dantesca surge em minha frente, não tem corpo solido realmente. Suas formas são uma espécie de nevoa, nevoa maligna, provocante. Um lindo rosto feminino se forma, adornado de imensos cornos. Minha cabeça deve estar a premio, e com um preço bem alto. Não vou me reder tão fácil. Estava mesmo entediada:
-que bela anjinha temos aqui.
-Não sabia que estava de volta.
-Você nunca sabe de anda, garotinha mimada.
Demônio maldito, ira pagar por essa ofensa. Saco minha espada. Meu corpo brilha minhas asas se abrem plenamente, não tenho como ser derrotada. Os cães vêm rapidamente. Decapitados pela lamina celestinas desaparecem em fumaça sulfurosa. Ela me encara com um sorriso malicioso. Merda, era uma armadilha, meus pés estão presos por imensas garras negras, outras saem do chão e seguram minhas asas. Tento me soltar, corto algumas, mas outras vêm imediatamente. Idiota, só falta ser derrotada assim.
-Menina arrogante, estúpida. Subestimou-me, não cometera nenhum erro mais...
Minha espada esta no chão, meu orgulho ferido, preciso fugir. A nevoa me rodeia, ela ri, retira de seu vestido uma lamina negra.Meu fim. Um som do longe, se aproximando, sinto uma lança atravessar meu corpo. Não é uma lança, é uma flecha. As garras se afastam com sua chegada, atravessou meu corpo e se fincou no chão. Sem dor, o que aconteceu? Pouco importa, tenho que fugir. Pulo em direção a rua:
-Vão atrás dela!
Caio no chão, me machuco um pouco mais, eles estão atrás de mim, corro como uma humana qualquer. È medo o que eu sinto, medo e vergonha. Um grito raivoso:
-Cupido!!
Olho para trás, eles estão perto. Minhas asas somem, meu brilho também, não tenho mais forças. Bato em algo solido, um corpo. Um corpo magro e estranho. Ele vai ao chão eu também. Levanto-me cambaleando, ele me segura. Idiota preciso fugir. Levanta-se, ajeita os óculos e me abraça:
-Se acalme.
Sua voz surge como um mandamento. Sinto meu peito quente, algo nos envolve, me coração desacelera. Uma luz que só eu posso ver. As sombras param e começam a recuar. A luz venceu. Fui salva, salva por um mero humano...
-Desculpa.
Ele me diz, beija meu rosto e se afasta. Segue só pela noite. Eu parada fico olhando meu salvador... Idiota...
Reinaugurando! Como iniciar Projetos
Há 9 anos